SAMBA

VAMOS FALAR DE SAMBA



Noel de Medeiros Rosa (Rio de Janeiro11 de dezembro de 1910 — Rio de Janeiro4 de maio de 1937) foi um sambistacantorcompositorbandolinista,violonista brasileiro e um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil. Teve contribuição fundamental na legitimação do samba de morro e no "asfalto", ou seja, entre a classe média e o rádio, principal meio de comunicação em sua época - fato de grande importância, não só para o samba, mas para a história da música popular brasileira.
   Noel Rosa nasceu de um parto muito difícil, que incluiu o uso de fórceps pelo médico obstetra, como medida para salvar as vidas da mãe e bebê. Além disso, nasceu com hipoplasia(desenvolvimento limitado) da mandíbula (provável Síndrome de Pierre-Robin) o que lhe marcou as feições por toda a vida e destacou sua fisionomia bastante particular.
Criado no bairro carioca de Vila Isabel, primeiro filho do comerciante Manuel Garcia de Medeiros Rosa e da professora Martha de Medeiros Rosa, Noel era de família de classe média, tendo estudado no tradicional Colégio São Bento.
Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e tomou gosto pela música — e pela atenção que ela lhe proporcionava. Logo, passou ao violão e cedo tornou-se figura conhecida da boemia carioca. Entrou para a Faculdade de Medicina, mas logo o projeto de estudar mostrou-se pouco atraente diante da vida de artista, em meio ao samba e noitadas regadas à cerveja. Noel foi integrante de vários grupos musicais, entre eles o Bando de Tangarás, ao lado de João de Barro (o Braguinha), AlmiranteAlvinho e Henrique Brito.
Em 1929, Noel arriscou as suas primeiras composições, Minha Viola e Festa no Céu, ambas gravadas por ele mesmo. Mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com o lançamento de Com que roupa?, um samba bem-humorado que sobreviveu décadas e hoje é um clássico do cancioneiro brasileiro. Essa música ele se inspirou quando ia sair com os amigos, a mãe não deixou e escondeu suas roupas, ele, com pressa perguntou: "Com que roupa eu vou?" Noel revelou-se um talentoso cronista do cotidiano, com uma sequência de canções que primam pelo humor e pela veia crítica. Orestes Barbosa, exímio poeta da canção, seu parceiro em Positivismo, o considerava o "rei das letras". Noel também foi protagonista de uma curiosa polêmica (Noel Rosa X Wilson Batista) travada através de canções com seu rival Wilson Batista. Os dois compositores atacaram-se mutuamente em sambas agressivos e bem-humorados, que renderam bons frutos para a música brasileira, incluindo clássicos de Noel como Feitiço da Vila e Palpite Infeliz. Entre os intérpretes que passaram a cantar seus sambas, destacam-seMário ReisFrancisco Alves e Aracy de Almeida.
Noel teve ao mesmo tempo várias namoradas e foi amante de muitas mulheres casadas. Casou-se em 1934 com uma moça da alta sociedade, Lindaura, mas era apaixonado mesmo por Ceci(Juraci Correia de Araújo), a prostituta do cabaré, sua amante de longa data. Era tão apaixonado por ela, que ele escreveu e fez sucesso com a música "Dama do Cabaré", inspirada em Ceci, que mesmo na vida fácil, era uma dama ao se vestir e ao se comportar com os homens, e o deixou totalmente enlouquecido pela sua beleza. Foram anos de caso com ela, eles se encontravam no cabaré a noite e passeavam juntos, bebiam, fumavam, andavam principalmente pelo bairro carioca da Lapa, onde se localizava o cabaré. Ele dava-lhe presentes, joias, perfumes e ela o compensava com noites inesquecíveis de amor.
Noel passou os anos seguintes travando uma batalha contra a tuberculose. A vida boêmia, porém, nunca deixou de ser um atrativo irresistível para o artista, que entre viagens para cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre voltava para o samba, à bebida e o cigarro, nas noites cariocas, cercado de muitas mulheres, a maioria, suas amantes. Mudou-se com a esposa para Belo Horizonte, lá, Lindaura engravidou, mas sofreu um aborto, e não pôde mais ter filhos, por isso Noel não foi pai. Da capital mineira, escreveu ao seu médico, Dr. Graça Melo: “Já apresento melhoras/Pois levanto muito cedo/E deitar às nove horas/Para mim é um brinquedo/A injeção me tortura/E muito medo me mete/Mas minha temperatura/Não passa de trinta e sete/Creio que fiz muito mal/Em desprezar o cigarro/Pois não há material/Para o exame de escarro". Trabalhou na Rádio Mineira e entrou em contato com compositores amigos da noite, como Rômulo Pais, recaindo sempre na boêmia. De volta ao Rio, jurou estar curado, mas faleceu em sua casa no bairro de Vila Isabel no ano de 1937, aos 26 anos, em consequência da doença que o perseguia desde sempre. Deixou sua esposa viúva e desesperada. Lindaura, sua mulher, e Dona Martha, sua mãe, cuidaram de Noel até o fim. Encontra-se sepultado no Cemitério do Caju no Rio de Janeiro.







Wilson Baptista de Oliveira também conhecido como Wilson Batista (Campos3 de julho de 1913 — Rio de Janeiro7 de julho de 1968) foi um compositor brasileiro.


Filho de um guarda municipal de Campos, ainda menino participou, tocando triângulo, da Lira de Apolo, banda organizada por seu tio, o maestro Ovídio Batista. Ainda na cidade natal, fez parte do Bando, para o qual compunha algumas músicas e, pretendendo aprender o ofício de marceneiro, freqüentou o Instituto de Artes e Ofícios.
No final da década de 1920, transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro. Passou então a freqüentar os cabarés da Lapa e o Bar Esquina do Pecado, naPraça Tiradentes, pontos de encontro de marginais e compositores, tornando-se amigo dos irmãos Meira, malandros famosos da época, cuja amizade lhe valeu várias prisões. A seguir, começou a trabalhar como eletricista e ajudante de contra-regra no Teatro Recreio.
Com 16 anos, fez seu primeiro samba, Na estrada da vida, lançado por Aracy Cortes no Teatro Recreio e gravado em 1933 por Luís Barbosa. Acredita-se que sua primeira parceria tenha se dado com o compositor José Barbosa da Silva, o Sinhô, no samba de breque Mil e Uma Trapalhadas, cuja gravação aconteceu apenas na década de 60, pelo cantor Moreira da Silva. Seu primeiro samba gravado foi Por favor, vai embora (com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva), pela Victor, na interpretação de Patrício Teixeira, em 1932. A partir de então, passou a fazer parte da Orquestra de Romeu Malagueta, como crooner e ritmista (tocava pandeiro).
Em 1933, Almirante gravou sua batucada Barulho no beco (com Osvaldo Silva) e três intérpretes (Francisco AlvesCastro Barbosa e Murilo Caldas) divulgaram seu samba Desacato (com Paulo Vieira eMurilo Caldas), que fez muito sucesso.
Sempre frequentando o mesmo ambiente de boemia, fez a apologia do malandro no seu samba Lenço no pescoço, já gravado em 1933 por Sílvio Caldas, que deu início à famosa polêmica com Noel Rosa(Noel Rosa X Wilson Batista), o qual respondeu no mesmo ano com Rapaz folgado, contestando a identificação do sambista com o malandro. Sua réplica a Noel veio no samba Mocinho da Vila. Fora do contexto da polêmica, Noel Rosa e Vadico compõem o Feitiço da Vila. No Programa case, Noel improvisa (sem gravar) duas novas estrofes para o Feitiço da Vila e, em cima dos novos versos, Wilson compõe Conversa fiada, ao qual Noel contrapôs, em 1935, o samba Palpite Infeliz. O caso terminou com dois sambas seus, Frankenstein da Vila e Terra de cegoTerra de Cego, entretanto, deu origem a uma parceria entre Wilson e Noel, intitulada, Deixa de ser Convencida. Com Letra de Noel escrita sobre a melodia composta por Wilson, originalmente, para Terra de Cego e, assim, pôs fim a polêmica. Os dois polemistas conheceram-se entre um e outro desafio e tornaram-se amigos. As músicas dessa polêmica foram reunidas, em 1956, num LP de dez polegadas da Odeon, cantadas por Roberto Paiva eFrancisco Egídio - Polêmica.
Continuando sua vida de boêmio-compositor, vendendo sambas e fazendo parcerias "comerciais", conheceu, no Café Nice, na Avenida Rio Branco, o cantor e compositor Erasmo Silva, com quem formou um conjunto, com Lauro Paiva ao piano e Roberto Moreno na percussão. Com o conjunto, realizou apresentações em Campos RJ e, de volta ao Rio de Janeiro, formou, em 1936, uma dupla com Erasmo Silva - a Dupla Verde e Amarelo - que participou da vocalização da orquestra argentina Almirante Jonas, que estava de passagem no Rio de Janeiro, seguindo com ela para Buenos AiresArgentina, onde ficaram por três meses, ainda em 1936. De volta ao Brasil, trabalharam durante mais de um ano na Rádio Atlântica, de Santos SP, e, depois, na Record, da capital paulista, onde também gravaram, com as Irmãs Vidal, pela Columbia, seu primeiro disco, com Adeus, adeus (Francisco Malfitano e Frazão) e Ela não voltou (dos mesmos compositores e mais Aluísio Silva Araújo). Obtendo certo sucesso, seguiram para uma temporada em Porto Alegre RS, voltando a São Paulo para trabalhar na Rádio Tupi.
A fama viria em 1938, quando a dupla foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, mas já no ano seguinte, com a ida de Erasmo Silva para Buenos Aires, a dupla se desfez. Em 1939 foi apresentado por Germano Augusto ao bicheiro e malandro conhecido por China, a quem venderia muitas músicas. Nessa época, sua temática sofreu modificações, ditadas não só pela associação a novos parceiros, mas principalmente pela influência direta de uma portaria governamental que proibia a exaltação da malandragem.
Ainda em 1939, fez com Ataulfo Alves Mania da falecida e Oh! seu Oscar, samba que se destacou no Carnaval de 1940, vencendo o concurso de músicas carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda do governo federal, tendo sido gravado por Ciro Monteiro, intérprete que lançou em disco, também no mesmo ano, os seus sambas Tá maluca (com Germano Augusto) e O bonde de São Januário (com Ataulfo Alves), este último grande sucesso no Carnaval de 1941.
Consagrado desde então, iniciou, com diversos parceiros famosos, uma série de composições, retratando tipos cariocas, que conseguiram êxito na maioria dos Carnavais dos vinte anos seguintes. Ainda em 1940, Moreira da Silva gravou Acertei no milhar (com Geraldo Pereira), que se tornou um dos clássicos do samba de breque; em 1941, Vassourinha lançou em disco outra música sua que se destacou no Carnaval de 1942, Emília, feita com Haroldo Lobo, seu parceiro ainda em Rosalina, destaque carnavalesco de 1945.
Homenageando a torcida do Vasco da Gama, apesar de rubro-negro, compôs com Augusto Garcez No boteco do José, que, na gravação de Linda Batista, fez sucesso no Carnaval de 1946. Três anos depois se destacaria com Pedreiro Valdemar, feito com Roberto Martins e gravado por Blecaute, e, em 1950, obteria enorme êxito com Balzaquiana (com Nássara), lançado em disco por Jorge Goulart. Sua marcha Sereia de Copacabana e o seu samba Mundo de zinco (ambos com Nássara), este gravado por Jorge Goulart, foram muito cantados nos Carnavais de 1951 e 1952, respectivamente.
Para o Carnaval de 1956 compôs com Jorge de Castro a marcha Todo vedete, que teve problemas com a censura por suas referências ao baile dos travestis do Teatro João Caetano; com o mesmo parceiro fez, para o Carnaval dos dois anos seguintes, Vagabundo e Marcha da fofoca, sendo esta última gravada pelo radialista César de Alencar. O Carnaval de 1962 foi um dos últimos de que participou, lançando, em gravação de César de Alencar, Cara boa, marcha feita com Jorge de Castro e Alberto Jesus.
Boêmio até o fim da vida, nos seus últimos anos trabalhou como fiscal da UBC (União Brasileira de Compositores), entidade que ajudou a criar. Foi enterrado na tumba da UBC, no Cemitério do Catumbi.




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